Com a ejaculação, um exército de espermatozoides marcha em passo de corrida para conquistar a sua fortaleza, o óvulo, que se encontra (ou imagina) protegido dentro do aparelho reprodutor feminino, onde se mantém passivamente, sem necessitar de fazer coisa alguma. O exército, por seu lado, inicia a sua jornada enfrentando numerosos obstáculos e provas difíceis, que servem apenas para selecionar os mais vigorosos. Finalmente, os sobreviventes chegam junto do óvulo, onde terão de enfrentar mais uma batalha, da qual só um único sairá vencedor – o mais apto, o melhor, o triunfante.

Esta visão da fecundação como uma conquista, onde os espermatozoides disputam uns com os outros, sem piedade, o óvulo, passivo, prémio oferecido ao vencedor, mostra a visão da sociedade acerca do homem e da mulher e o conceito que ainda persiste sobre masculinidade e feminilidade, mas também sobre a vida e a forma de viver, que é mais sobreviver.